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traducciones
As favelas portenhas:
de espaços
comunitários a
guetos?
Clelia Tomarchio, Dora Bordegaray
Há tantas formas de observar a cidade,
quanto visões sobre ela para descrevê-la e
analisá-la. Mas a cidade é um relato que
nos fala de processos históricos,
econômicos, políticos e de mobilização da
povoação. Nesta mobilização dos
habitantes achamos aquela suposta
dualidade que fez parte durante tanto
tempo dos estudos culturais sobre o
campo e a cidade, ou sobre o rural e o
urbano. Por outro lado o movimento foi e é
uma característica persistente na forma
que a povoação combate a seu meio, seja
este rural ou urbano, como resposta ao
modelo de desenvolvimento econômico-
político.
Os espaços que os assentamentos de
emergência (favelas) ocupam na cidade é o
produto dessa movimentação.
Mobilidade dirigida à cidade, aquela que
prometia à distância uma linha ascendente
ao progresso e que no seu arribo
convertia-se, no momento, na cidade real e
tão heterogênea, que demonstrava que o
progresso só estava reservado a uns
poucos privilegiados, e os que não teriam
espaços diferentes. Desta maneira se
forma a comunidade dos excluídos no
espaço de transição que é a favela,
esperando dar um salto para sair delas,
com possuir um térreo próprio como fruto
de tiver ocupado um lugar no mundo do
trabalho assalariado industrial ou de
serviços. Muito conseguiram seu objetivo,
mas a maioria não, e a favela esta bem
longe de ser um espaço de transição já que
se converteu na radicação da pobreza e da
exclusão.
Neste artigo tentaremos de estabelecer
uma relação entre o que o sociólogo
francês Loic Wacquant estudou sobre o
processo de constituição do gueto negro
em Chicago nos anos 50 até sua
transformação no que ele chama de
hipergueto. Desde os primeiros anos que
se descolonizou, primava a consciência
coletiva unitária, a divisão social de
trabalho, a existência de organismo
comunais e a mobilização, até sua
mudança no hipergueto da década de 80,
onde o quê prevalece é a violência na vida
do dia a dia, diferenças sociais e
desinformação econômica.
Além disso vamos dar o lugar à vozes dos /
as habitantes das favelas, e colocando em
jogo algumas categorias de análises que
possam ser de utilidade a sua
interpretação. Vozes apanhadas no
trabalho de campo que faz vários anos que
realizamos no Intitulo Histórico da Cidade
de Buenos Aires, com o objetivo da
reconstrução da historia dos bairros e
favelas de periferia.
Les bidonvilles de
Buenos Aires: des
espaces communales
vers des ghettos?
Clelia Tomarchio, Dora Bordegaray
Il y a tellement de façons dobserver la ville
comme disciplines et regards se posent sur elle
pour la décrire et lanalyser. Mais la ville est une
relation qui nous parle de processus
historiques, économiques et politiques, de
mouvements de la population. Dans ceux
mouvements de population nous trouvons
celle supposée dichotomie qui a éclairé pen-
dant longtemps les études culturelles sur le
pays et la ville ou sur le rural et lurbain. Dautre
part, la mobilité a été et un trait persistant de la
façon employée par la population pour faire
face à son environnement, soit il rural ou
urbain, comme une réponse au modèle de
développement politique et économique.
Lespace que les bidonvilles occupent dans la
ville est un produit de cette mobilité. Mobilité
vers la ville mythique qui promettait à la dis-
tance une ligne ascendante vers le progrès et
quà larrivée devenait immédiatement la ville
réelle et si hétérogène que montrait des signes
de que le progrès a été réservé seulement à
quelques-uns et que le la plupart auraient des
espaces différentiels. Ainsi on conforme la
communauté de ceux exclus dans lespace
de transition qui est le bidonville, à lintention
de faire le grand saut hors de lui et dobtenir le
propre terrain comme le fruit davoir occupé
une place dans le monde du travail industriel
salarié ou ce de services. Quelques-uns lont
accompli, la plupart non, et loin dêtre le
bidonville lespace de la transition, il est devenu
létablissement de la pauvreté et de lexclusion.
Dans ces notes nous essaierons détablir un
rapport entre ce que le sociologue français Loic
Wacquant a étudié sur le processus de consti-
tution du ghetto noir de Chicago dans les ´50s.
jusquà sa transformation dans ce quil appelle
hiperghetto. Cest-à-dire, des premières
années de la décolonisation, lorsque la con-
science collective unitaire avait la priorité aussi
bien que la division sociale du travail,
lexistence dorganismes communautaires et la
mobilisation, jusquà sa mutation dans
lhiperghetto de la décennie des ´80s, quand ce
qui prédomine est la violence dans la vie
quotidienne, lindifférenciation social et
lirrégularité économique.
Nous le ferons en plus, en donnant de la place
aux voix des habitants des bidonvilles et en
mettant en jeu quelques catégories danalyse
qui peuvent être utiles pour linterprétation.
Voix recueillies dans le travail de champ que
nous sommes en train de faire depuis quelques
années a lInstitut Historique de la Ville de
Buenos Aires, dans le cadre de la tâche de
reconstruction des histoires des quartiers et
des bidonvilles suburbains.
The Buenos Aires
shantytowns: from
community spaces to
ghettos?
Clelia Tomarchio, Dora Bordegaray
There are as much ways of observing the
city as disciplines and looks sit on it to
describe it and to analyze it. But the city is
a relation that talks to us about historical,
economic and political processes of popu-
lation movements. In these population
movements we find that supposed di-
chotomy that illuminated for so long the
cultural studies on the country and the city,
or on the rural and the urban thing. On the
other hand the mobility has been and is a
persistent feature of the way in that the
population faces its environment, be this
rural or urban, as an answer to the pattern
of political and economic development. The
space that the shantytowns occupy in the
city is a product of that mobility. Mobility
towards the mythical city that promised at
a distance an ascending line towards the
progress and that at the arrival became
immediately the real and so heterogeneous
city, that showed signs of that the progress
was only reserved to some few ones and
that the most would have differential
spaces. This way the community of those
excluded in the transition space that is the
shantytown is conformed, aiming to jump
out of it by obtaining the own lot as a fruit
of having occupied a place in the industrial
salaried working world or that of services.
Some achieved it, the most not, and far
from being the shantytown the transition
space, it became the establishment of
poverty and exclusion.
In these notes we will try to establish a
relationship between that the French soci-
ologist Loic Wacquant studied on the
process of constitution of the black ghetto
of Chicago in the ´50s. until its transforma-
tion in what he calls hiperghetto. That is
to say, from the first years of the
decolonization, in that the unitary collective
conscience had priority as well as the
working social division, the existence of
communal organisms and the mobilization,
until its mutation in the hiperghetto of the
decade of the ´80s, when what prevails is
the violence in the daily life, social
indifferentiation and economic irregularity.
We will also make it, giving place to the
voices of the inhabitants of the
shantytowns and bringing into play some
categories of analysis that can be useful for
their interpretation. Voices picked up in the
field work that we have already been carry-
ing out in the Historical Institute of the City
of Buenos Aires for several years, within
the framework of the task of reconstruction
of the quarter histories of suburban neigh-
borhoods and shantytowns.
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